Entenda por que Campinas é a melhor cidade do interior do Brasil para investir, segundo ranking internacional
26/06/2025
(Foto: Reprodução) Ranking internacional aponta cidades com capacidade para receber novos negócios e gerar retorno. Apesar do resultado, Campinas tem série de desafios para melhorar - como na qualidade de vida. Imagem aérea de Campinas na região do centro
Reprodução/EPTV
Pela segunda vez consecutiva, Campinas (SP) é apontada como a melhor cidade do interior do Brasil para investimentos, segundo o ranking Global Cities Index 2025 da Oxford Economics. Mas o que faz a cidade de 1,1 milhão de habitantes alcançar esse posto e o que isso significa?
Economistas ouvidos pelo g1 explicam que o ranking aponta cidades com capacidade para receber novos negócios e gerar retorno para quem investe, e Campinas se destaca tanto pelo capital humano como pela economia robusta, que combina indústria, serviços avançados e logística.
Ainda assim, a cidade tem desafios importantes para superar. A qualidade de vida é a pior dimensão de desempenho do município no ranking Oxford. Para um economista ouvido pelo g1, esse resultado pode ter relação com a desigualdade de renda e pressão habitacional em regiões periféricas.
O ranking internacional, que avaliou mil cidades ao redor do mundo, colocou Campinas na 464ª posição global — no Brasil, está atrás apenas das capitais São Paulo (303º), Brasília (339º) e Rio de Janeiro (449º).
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Comparando com outras cidades do interior de São Paulo, Campinas está à frente de Ribeirão Preto (667º), Sorocaba (693º) e São José dos Campos (745º).
Os critérios analisados pelo ranking são: economia, governança, meio ambiente, qualidade de vida e capital humano. E a categoria em que Campinas teve a melhor nota foi capital humano.
Nesta reportagem você vai ler ⬇️
Capital humano como diferencial competitivo
Economia diversificada e resiliente
Desafios persistem: qualidade de vida e governança
Ranking com peso internacional
Imagem aérea do campus da Unicamp em Campinas
Reprodução/EPTV
Capital humano como diferencial competitivo
O principal destaque de Campinas no ranking é o desempenho no quesito capital humano. Segundo o economista Paulo Ricardo Oliveira, responsável pelo Observatório PUC-Campinas, esse ativo é central para atrair investimentos em setores intensivos em conhecimento.
“Isso se deve à elevada qualificação da mão de obra local e à presença de instituições de ensino e pesquisa de referência, como a PUC-Campinas e a Unicamp, além de centros tecnológicos e empresas de base científica”, explica o economista.
Esse ambiente de inovação em Campinas se fortalece ainda mais com resultados recentes. Em 2024, a Agência de Inovação da Unicamp (Inova) atingiu o maior número de contratos ativos de transferência de tecnologia da sua história: foram 233 acordos, um crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior.
Os contratos representam a transformação direta do conhecimento acadêmico em soluções aplicadas, com impacto econômico e social.
Segundo a Inova, os contratos geraram R$ 1,2 milhão em ganhos econômicos, além de benefícios sociais por meio de licenciamentos gratuitos.
Economia diversificada e resiliente
Outro ponto forte é a dimensão econômica. Segundo o economista da PUC, Campinas possui uma economia regional robusta, que combina indústria, serviços avançados e logística.
“A cidade chega a ter desempenho superior ao do Rio de Janeiro nas dimensões econômica e de capital humano”, destaca Oliveira.
Essa diversidade garante maior estabilidade e capacidade de adaptação a crises — uma característica valorizada por investidores que buscam segurança e retorno sustentável.
Desafios persistem: qualidade de vida e governança
Apesar dos pontos fortes, Campinas enfrenta desafios estruturais que impactam seu desempenho em outras dimensões do índice, como qualidade de vida, meio ambiente e governança.
A qualidade de vida é a pior dimensão de desempenho do município no ranking.
“Isso pode estar relacionado à alta desigualdade de renda, pressão habitacional em regiões periféricas e níveis ainda elevados de criminalidade urbana", explica Oliveira.
Esse ponto de vista é reforçado pela professora de economia da PUC, Eliane Navarro Rosandiski, que ainda aponta a inflação dos serviços, como creches, escolas, aluguel e saúde, que encarece o custo de vida para a população.
"Essa desigualdade impacta negativamente o indicador de qualidade de vida, o ponto mais frágil no ranking", explica ela.
Além disso, a governança, que é o acesso a serviços públicos, também deixa a desejar.
De acordo com a professora, a cidade é atraente para empresas por reunir boa infraestrutura; grande malha ferroviária, que facilita a distribuição; e proximidade com São Paulo e o aeroporto de Viracopos. No entanto, ela afirma que o transporte público coletivo "é algo que precisa ser melhorado".
"Temos um transporte caro e um transporte que não atende a demanda da população. Então, isso acaba sendo ruim do ponto de vista dessa infraestrutura necessária também pra tornar uma cidade menos poluidora, porque a gente está muito mais dependente do automóvel", explica Rosandiski.
Além disso, o índice atribuiu a mesma nota de governança para todos os municípios brasileiros, refletindo os riscos institucionais do país como um todo — o chamado “Risco Brasil”.
Ranking com peso internacional
De acordo com os especialistas, o Global Cities Index da Oxford Economics tem um diferencial importante por ser multidimensional, comparável internacionalmente e ser orientado por dados econonômicos robustos.
“Pela segunda vez, Campinas aparece como a melhor cidade do interior. Com isso, é esperado que essa posição de destaque se mantenha”, avalia Oliveira.
A expectativa dos economistas é que, com avanços em áreas como segurança, habitação e inclusão social, o município possa melhorar ainda mais sua posição global nos próximos anos.
Superlaboratório Sirius, em Campinas
Reprodução/EPTV
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